22 de outubro de 2025

Jogadoras do Avaí Kindermann ameaçam não entrar em campo na final do Catarinense por causa de salário atrasados

protesto

Situação de atrasos de atrasos de salário vem se arrastando desde o mês de abril

As jogadoras do Avaí Kindermann podem não entrar em campo na final do Campeonato Catarinense Feminino, marcada para o próximo sábado, dia 25, no estádio Salésio Kindermann, em Caçador. O motivo é o atraso nos salários, que já chega a quatro meses para parte da comissão técnica e três meses para as atletas.

Em entrevista à Rádio Caçanjurê, a técnica do time, Carine Bosetti, relatou que a situação se arrasta desde abril, com promessas não cumpridas por parte da diretoria. Mesmo com as dificuldades, o grupo manteve o foco e chegou à final com a melhor campanha da competição, após nove jogos disputados.

“As meninas se reuniram e decidiram que, se até sexta-feira não houver o pagamento de pelo menos dois salários, elas não entrarão em campo. Se o pagamento for feito, jogam para tentar conquistar o nosso 16º título estadual. Caso contrário, não haverá jogo”, explicou Carine.

A técnica afirmou que as atletas e a comissão técnica contam com orientação jurídica e já comunicaram oficialmente a posição ao presidente da associação, ao presidente do Avaí e ao diretor do clube.

Carine destacou ainda que a equipe seguiu treinando intensamente, mesmo sem receber, enfrentando chuva e frio, com o compromisso de honrar a camisa do Avaí Kindermann.

“Infelizmente chegamos a uma situação de desespero. A história do Avaí Kindermann é muito bonita dentro do futebol feminino, mas esse ano o clube passa por um problema financeiro sério, e quem está aqui não tem culpa disso. Todas se dedicaram todos os dias”, afirmou.

Segundo a técnica, o cenário chegou a níveis preocupantes, com atletas enfrentando condições desumanas, sem recursos nem para itens básicos de higiene.

“Nem todas têm amparo da família nesses momentos. Existe vontade de jogar, mas nas condições atuais não é possível. Os acordos precisam ser cumpridos e cada um merece receber pelo seu trabalho”, completou.

Jogadoras comunicaram decisão de não jogar em postagem nas redes sociais

A decisão das jogadoras foi comunicada publicamente por meio de uma publicação conjunta nas redes sociais, em que o elenco anunciou que não vai entrar em campo para o segundo jogo da final caso os pagamentos não sejam regularizados.

No texto, as atletas relatam que foram contratadas em fevereiro deste ano e que o salário de abril foi pago em três parcelas, a última em junho. O salário de maio, em duas, sendo a última em 31 de julho. Desde então, não houve mais pagamentos, somando quatro meses de trabalho sem salário.

Elas também afirmam que a alimentação se tornou escassa e não condizente com as necessidades de atletas de alto rendimento, e que faltam até produtos básicos de higiene pessoal. Além disso, duas jogadoras sofreram lesões graves (rompimento do ligamento cruzado anterior) em abril e agosto e ainda não realizaram as cirurgias reparadoras.

“O Campeonato Catarinense começou em 19 de julho. Realizamos todos os treinos e os nove jogos, chegamos à final disputando todo o campeonato sem qualquer salário”, diz a nota das atletas.

Na primeira partida da final, disputada em Criciúma, o placar foi 1 a 1. Caso o Avaí Kindermann não entre em campo no jogo de volta, o Criciúma será declarado campeão por W.O.

Avaí Futebol Clube divulga uma nota oficial

Na noite de terça-feira, dia 21, o Avaí Futebol Clube divulgou uma nota oficial sobre a situação. No comunicado, o clube afirma que a gestão do futebol feminino é de responsabilidade da Associação Esportiva Kindermann (AEK), que contrata jogadoras, comissão técnica e administra a folha de pagamentos.

“Ao Avaí Futebol Clube compete, como parceiro, auxiliar com um pagamento mensal conforme contrato que, para o ano de 2025, projetou-se gastar R$ 800.000,00 com a equipe feminina. Entretanto, até a presente data, sensível aos desafios enfrentados pela AEK na manutenção da equipe, o Avaí Futebol Clube já realizou um total de R$ 1.068.165,94 em repasses à Associação Esportiva Kindermann, ou seja, aproximadamente 25% a mais do que havia sido autorizado em orçamento”, diz a nota.

O clube acrescenta ainda que segue buscando recursos adicionais para que os compromissos assumidos sejam honrados o mais breve possível.

A decisão final das atletas depende, portanto, da regularização dos pagamentos até sexta-feira. Caso contrário, o Avaí Kindermann pode encerrar a temporada de forma melancólica, sem disputar a final do Campeonato Catarinense Feminino 2025 — competição na qual é o maior campeão da história, com 15 títulos.

Fonte: Caçador Online

By AgoraSC

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